quarta-feira, 16 de julho de 2014

AUTORAL


Oi genteee. Faz tempo que não passo por aqui. Vim hoje dar um oi pra vocês e deixar um texto meu. Espero que gostem. E deixem comentários,  sobre o que acharam dele, ficaria muito feliz em saber. é isso! Boa noite e Boa leitura! :)



A VIDA É BOA FORA DO CASULO

Sim, é isso. Hoje acordei e “do nada”, já tinha 19. Ás vezes sinto falta, nessas manhãs cheias de preguiça, daquela mão que balança devagarzinho para a gente não perder a hora da escola. E por mais que pareça estranho, ás vezes sinto falta daquele quase grito seguido de batidas na porta do quarto, quando depois de 20 minutos ainda não movemos um músculo para levantar da cama. Acho que todo mundo entende que a falta não é exatamente de ter um despertador humano, e sim da sensação de que sua vida está sob controle, que mesmo que você marque bobeira, tem alguém observando e esse alguém consertará tudo antes que você perceba.

Existe outra sensação que se assemelha muito ao desconforto que é crescer. Um dia de chuva. Um edredom quentinho. Tudo vai bem no seu mundo, até o despertador tocar e você ter que abandonar todo o conforto, toda a segurança e enfrentar um dia frio sem ninguém pra segurar a sua mão. É assim, o tempo dá um salto a distância com vara e de um momento para o outro a diretora da escola, vira o  “chefe” e infelizmente não dá para dizer “ Espera um minuto, vou chamar a minha mãe!”.

Porque mãe suaviza o mundo pra gente. É igual a quando ela nos leva ao supermercado e nos deixa empurrar o carrinho, pra gente se sentir forte e capaz, porém sem que  a gente perceba ela está lá, dando uma forcinha discreta. Pra nós o carrinho está andando porque somos fortes o suficiente para fazê-lo andar. Não somos, ainda. Mais um dia precisaremos ser e é nessa hora que o “bicho pega”. Porque na hora que o carrinho para, e olhamos para os lados em busca de mãos bondosas para empurrar conosco, todas estão ocupadas empurrando o seu próprio carrinho. A vida tem dessas coisas, percebemos aí que precisamos crescer para podermos fazer o carrinho da vida andar.

Nem sempre estamos preparados para crescer – ninguém nunca está -. Falo com propriedade, porque conheço crianças de 40 anos e com filhos. E eu definitivamente não quero ser uma dessas pessoas. Eu tento dar a elas uma trégua, afinal eu sei que não é fácil. Um dia eles tiveram que passar por essa transição. Todos passamos. Mas, o que me deixa um tanto quanto assustada é o “porquê” deles não terem conseguido. Será tão difícil assim, ser “adulto”?

ADULTO. Que palavra superestimada. Segundo o dicionário significa “ Ser que completou o desenvolvimento”. Será? Não estamos em constante desenvolvimento? Sim, estamos. Ou pelo menos deveríamos estar. Acho que com alguns dos meus exemplos de “adultos”, o dicionário pode estar quase certo quanto ao significado. Que pararam de desenvolver é fato. Se estão prontos, já é outra história.

Quando eu era criança, tinha um fascínio estranho pela vida adulta. Tinha muita curiosidade sobre o que existia fora do limites do meu quintal. E para mim a vida adulta era incrível. Ser independente, ter uma vida fora do casulo, ninguém dando ordens e querendo viver a vida por você – certo, eu posso não ter pensado isso aos 8 anos, mas eu era uma criança muito inteligente e nasci com um "quê" shakespeariano, então... -  Mas o que eu não sabia era que tinha bem menos purpurina do que eu imaginava - Na verdade não tinha purpurina alguma-, É tão difícil tomar decisões. Não é mais como optar por milk shake e chá de erva cidreira. Agora é tudo muito mais agonizante. Porque depois eu não posso voltar atrás e pedir com carinha de arrependida um pouco de chá. Um ou outro. Sem mais. Agora é difícil confiar nas pessoas. Agora as brigas não se resolvem mais com um pirulito de reconciliação. Os sentimentos não são mais tão valiosos. O que mais me assusta nessa “vida adulta” é que para você ser uma pessoa equilibrada aos olhos dos outros, você tem que ser um completo desequilibrado. Você tem que parecer uns daqueles personagens de "admirável mundo novo”. Sentimento não são sinônimo de sanidade. Pessoas maduras desapegam fácil umas das outras. Entendem que nada é para sempre e ao invés de ficarem tristes com um término de um relacionamento, vão encher a cara. Ok. Perdi um pouco o foco aqui.

A minha maior decepção com o “debut” para a vida adulta é essa falta de curiosidade que as pessoas tem. Como se eles seguissem a risca o significado da palavra. Acreditam já terem aprendido tudo o que precisavam. Não buscam trabalhar os sentimentos, que é o mais importante. Eu sou uma romântica incurável – eu sei que já deu para perceber -, cada momento da vida para mim é motivo para uma reflexão. Por aqui geralmente não está acontecendo nada. Não ao redor. Não a olho nu. Mas aqui dentro,  as vezes passa um desfile cívico, uma carnaval, a passagem de um circo, um aniversário de quinze anos, um primeiro beijo, um primeiro término, um abraço a luz da lua, um happy hour divertido, um baile a fantasia, um esbarro com a alma gêmea numa calçada qualquer, uma tarde a dois numa cama quente. São tantos sentimentos para administrar, são tantas cores para organizar, muitos momentos para eternizar, não consigo entender como alguém pode sentir tantas coisas e ainda continuar aleatório a vida. Eu acredito verdadeiramente que todos os seres humanos no mundo sentem o impacto de um momento. Mas o que eu não consigo entender é como um momento não consegue mudar uma atitude, um pensamento, comover um pedido de desculpas.

Apesar da minha visão romântica sobre a vida. Eu bem sei que enfrentar o chamado “ mundo real” com toda a sua falta de gentileza e respeito pelos sentimentos dos outros, com todo o egoísmo disfarçado de individualidade,  requer uma atitude mais dura e um coração menos quente. Quando o seu conto de fadas vira uma fila enorme num banco, uma conta atrasada, um colega de trabalho insuportável, um trabalho estressante, uma dúvida a cerca do futuro – ou muitas - , um descontentamento com a vida. Esse é o sentimento mais fácil de decifrar, é a mais pura e simples decepção da descoberta : O mundo fora da conchinha não era como um seriado americano, onde a pessoa corre de um lado para o outro e no final do dia a maquiagem ainda está impecável para encontrar o namorado gostosão, que espera pacientemente com uma taça de vinho tinto numa mesa a luz de velas. 

Acredite a vida é uma maquiagem que precisa ser retocada, e um fim de dia de trabalho cansativo, sozinha com um pote de sorvete. E confie em mim, esse não é um desfecho ruim. Você também pode terminar o dia sozinha e sem um pote de sorvete, porque o seu salário ainda não caiu na conta. Ou porque você pagou as contas e sobraram míseros centavos que você provavelmente vai precisar fazer o milagre da multiplicação para estica-los até o fim do mês.

E ainda existe uma visão muito mais sombria e severa sobre a realidade.
Ela pode não ter poesia.
Não ser comovida por uma boa música.
Não ter curiosidade,
Nem expectativas sobre o amor.

A vida pode ser uma família perdida em relações conflituosas.
Pode ser falta de carinho e necessidade de cuidado.
Pode ser um amor  que se perdeu.
Pode ser o vigor da juventude que apagou.
Pode ser arrependimentos em cima de arrependimentos por não ter conseguido enfrentar a vida.
Pode ser consequências da fraqueza de ser jovem, e adiar a vida, e aceitar a vida.
Pode ser não lutar.
Também pode ser não ter a vida dos sonhos. Mas quem  tem?

Em todas essas terríveis versões estragadas da vida. Existe uma singularidade latente. A vida é sentimento. Nossa sina é sentir. Estamos igualmente condenados a uma vida de sentimentos. Nem sempre bons. Mas há quem diga que a vida não teria graça sem alguns descontentamentos. Qual seria o sabor da vitória sem a derrota?!

Uma das coisas sobre  a vida que eu tenho certeza é  que apesar dela ser rude, severa, e não ter paciência com quem está começando, ela  passa. E não há nada que a faça parar. É um tic-tac infinito. E com a mesma certeza de que não podemos parar esse trem, também é certo que não a nada que não possa ser amenizado. Melhorado. A vida se resume a uma corrida que não termina. Pode parecer exaustivo, mas olhando por outro ângulo, enquanto pudermos correr, podemos consertar, então... Foi isso que eu decidi fazer. Correr. Buscar o melhor da vida. Acrescentar um pouco de poesia para amenizar a gastura do dia-a-dia. E isso me serve como uma mão amiga me ajudando a empurrar o meu carrinho da vida. Crescer é difícil, mas um dia temos que fazer, não há como fugir do inevitável. Vai acontecer. A única coisa que podemos escolher é como vai acontecer. Se vamos estar preparados ou se vai vir em forma de corda esticada no meio do caminho. Eu decidi que vou estar de olhos bem abertos. E você?

Um comentário:

  1. Olá, Stephany
    Tudo bem?
    Nossa, quanto tempo :c muitas saudades dos teus posts, vê se volta ein?! e amei o texto, super criativo e bem escrito. Parabéns ao autor.
    Beijos*-*
    Território das Garotas

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