Para quem está aí se
perguntando: " whatahell é Medianeras?" Bem, eu tenho que confessar
que sempre vi esse filme com curiosidade, porém desinteresse. A capa colorida
com uma multidão estampada e um nome preto, me dava um pouco de agonia. Mas, um
dia alguém me perguntou: " - Esse filme
"medianeras" já viu? O que é que significa "Medianeras?"
Eu não fazia a mínima ideia, apesar de ter me perguntado várias vezes sobre o
que seria, nunca tinha tido a iniciativa de procurar. Mas, nesse dia eu cheguei
em casa e fui pesquisar o que diabos era isso. E descobri com a ajuda do
google, óbvio, que são nada mais, nada menos que as partes laterais de alguns
prédios, destinadas as propagandas, que por serem de frente com a medianera do
outro prédio não se podem abrir janelas.
Depois de descobrir sobre a temática do filme, não podia deixar de
assistir. E adorei. Vou tentar passar um pouco do sentimento desse filme. Ah! E
uma coisa muito importante : Não desista de
assistir na introdução. Esse filme é daqueles que começam com poucas
expectativas e num certo momento mudam totalmente e te cola na tela. Fica
difícil desapegar.
Filme: Medianeras
Ano: 2011
Duração : 1:33:48 min
Diretor e Roteirista: Gustavo Taretto
Elenco:
Javier Drolas
Pilar López Ayala
Inés Efron
Carla Peterson
Gênero: Drama/Romance
" Buenos Aires cresce descontrolada e
imperfeita. É uma cidade super povoada num país deserto. Uma cidade onde se
erguem milhares e milhares de prédios sem nenhum critério. Ao lado de um muito
alto, tem um muito baixo. Ao lado de um racionalista, tem um racional. Ao lado
de um em estilo francês, tem um sem estilo.
Provavelmente essas irregularidades nos refletem
perfeitamente. Irregularidades estéticas e éticas.
Esses prédios, que se sucedem sem lógica demonstram
total falta de planejamento, exatamente assim é a nossa vida. Que construímos
sem saber como queremos que fique. Vivemos como quem está de passagem por
Buenos Aires. Somos criadores da cultura do inquilino. Prédios menores para dar
lugar a outros prédios, ainda menores. Os apartamentos se medem por cômodos,
vão daqueles excepcionais, com sacada, sala de recreação, quarto de empregada e
depósito, até a quitinete, ou " caixa de sapato".
Os prédios,
como muita coisa pensada pelos homens, servem para diferenciar uns dos
outros. Existe a frente e existe o
fundo. Andares altos e baixos. Os privilegiados são identificados pela letra A,
às vezes B. Quanto mais à frente no alfabeto, pior o apartamento. Vista e claridade são promessas que poucas
vezes se concretizam.
O que esperar de uma cidade que dá as costas ao seu rio?
É certeza que as separações e os divórcios, a
violência familiar, o excesso de canais a cabo, a falta de comunicação, a falta
de desejo, a apatia, a depressão, os suicídios, as neuroses, os ataques de
pânico, a obesidade, a tensão muscular, a insegurança, a hipocondria, o
estresse e o sedentarismo, são culpa dos arquitetos e incorporadores. Esses
males, exceto o suicídio, todos me acometem."
-
introdução do filme.
Medianeras retrata a
vida na Buenos Aires moderna. Como a arquitetura e a modernidade, se mescla no
cotidiano e influencia o comportamento humano, afasta os corpos e cria uma
barreira comunicativa entre as pessoas ao invés de uni-las como deveria. Através
dos olhos e do cotidiano dos dois personagens, ponderamos sobre o amor na era
virtual.
Martim ( Javier Drolas), web designer, fóbico,
hipocondríaco. Ao primeiro olhar parece pouquíssimo atraente, depressivo, e
problemático. MAS, com um pouco mais de atenção pode-se ver que não se trata de
alguém extremamente avarento e triste, trata-se apenas de alguém acometido pelo
Karma que é estar numa cidade super povoada e ao mesmo tempo deserta. Deserta
de afeto. A solidão urbana. Martim foi pego pelo desalento, abandonado pela
namorada, se isolou do mundo ( O abandono é o pior dos maus tratos, traumatiza
mesmo.), junto com a susú, a cadelinha , igualmente abandonada e igualmente
deprimida, tenta aos poucos resgatar as forças para voltar a ver o mundo com
bons olhos.
"Com a estratégia do psiquiatra, fui perdendo o
medo da cidade, do mundo lá fora, dos outros. Tirar fotos. Um jeito de
redescobrir a cidade e as pessoas. Procurar a beleza mesmo onde ela não existe.
Observar é estar e não estar ou talvez estar de um
jeito diferente..."
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