quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Um pouquinho da Clarice.

Não, não é a Clarice falcão. É a Clarice Lispector, a que os "faces" A-do-ram citar, mesmo não sabendo se a frase é mesmo dela, haha. mas isso é detalhe. O que vale é a intenção (Né?!). Agora vou compartilhar com vocês um trecho de uma crônica, contida na coletânea  "Felicidade Clandestina".O nome do texto é Perdoando Deus. Vou postar apenas um trecho que gosto muito, e que no meio das minhas releituras, achei digno de ser postado. Vamos lá. ;)



Perdoando Deus - Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

" [...] Mas quem sabe, foi que o mundo também é rato, e eu tinha pensado que já estava pronta para o rato também. Porque eu me imaginava mais forte. Porque fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões, é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter carinho, pensei que amar é fácil. É porque eu não quis o amor solene, sem compreender que a solenidade ritualiza a incompreensão e a transforma em oferenda. E é também porque sempre fui de brigar muito, meu modo é brigando. É porque sempre tento chegar pelo meu modo. É porque ainda não sei ceder. É porque no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É que ainda não sou eu mesma, e então o castigo é amar um mundo que não é ele. É também porque eu me ofendo à toa. É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa. [...] Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. [...] Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário [...]"


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