Eu não sei se você pensa estar fazendo o que deve ser feito,
do jeito que deve ser feito, não entendo a mente das pessoas, - especialmente a sua - mas, eu não
imagino uma razão para que alguém passe a ser tão ninguém na vida de outra pessoa. Anos atrás – quando eu ainda era a sua
menininha, o que não sou faz tempo- Sentia a sua ausência tão presente aqui.
Ela enchia o meu quarto, a minha casa, a minha vida, as minhas dúvidas e as
minhas certezas também e ela crescia duas vezes no ano. Em agosto ela vinha forte nos primeiros dias do mês, e por mais que eu
desejasse não sentir, eu sentia. Por mais que tentasse me convencer de diversas
maneiras que não valia a pena sentir tanto, não por você, nada vazia importar
menos. O que posso fazer? não tenho culpa nasci assim, eu
sinto muito. Em agosto eu odiava a televisão, as propagandas dos outdoors,
as pessoas falando enquanto compravam nas lojas. Mas, tudo passa, já diziam
alguns antigos, e como o dia passa, a chuva passa, agosto também passava. E
quando eu pensava estar livre desse sentimento pelo resto do ano, dezembro chegava. Em seus últimos dias,
a sua ausência vinha preencher novamente. Já passei a metade do dia ao lado do
telefone, esperando que uma daquelas ligações fosse a sua. E eu esperei por anos,
até que um dia abri mão do meu orgulho para fazer a ligação que eu ansiava
tanto por receber. Liguei. Esperei. Você não veio. Hoje, não sinto mais a sua
ausência preencher. E espero não estar errada em ver nisso algo positivo. Imagina só, eu que sempre senti demais hoje sentir a sua
existência como uma assombração. Ás vezes tenho o desprazer de sentir a sua
névoa perturbadora, arrepiando a minha espinha. Mas logo passa, assim como as
noites passam e os pesadelos acabam, a sua presença mal humorada logo se dissipa
nos intervalos das suas aparições. Lamento, sua ausência agora não representar muita
coisa. E Infelizmente sorvetes e conversas não vão resolver e não se dê esse trabalho de dar desculpas agora, porque não acho que elas vão surtir efeito. O tempo já passou. Você teve tanto tempo... Eu tinha muita coisa pensada e revisada para te dizer quando finalmente te
encontrasse depois de tantos anos, agora tudo o que eu te digo é “eu sinto
muito!”, e não falo isso pensando em mim, falo pensando em você : “
eu sinto muito por você não sentir mais!" Refletindo melhor, talvez isso sirva para nós dois, não é mesmo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário